segunda-feira, 17 de março de 2008

Bom e novo Marketing

Estou lendo um livro muito bacana. Normalmente esse tipo de frase vem seguido de uma indicação careta, mas, neste caso não. Apenas acho que, em meio às muitas porcarias que são escritas, esse livro pode ser considerado um oásis. Estou vendo muito se falar sobre as transformações do mercado e das coisas, mas realmente acho que pouca gente tem a visão do que está acontecendo. Como todas as revoluções passadas, estamos falando de uma mudança humana, de comportamento, de idéias, de carências e, principalmente, uma resposta clara à nossa incapacidade de prever o futuro. Todas as mudanças de comportamento que naturalmente atribuímos às tecnologias estão mais ligadas aos nossos próprios medos e inseguranças.

Hoje vemos uma transferência de credibilidade. As pessoas não acreditam como antes nos grandes veículos de comunicação. Depois de tantas decepções, as pessoas estão buscando fontes mais confiáveis de conteúdo. Pensem comigo, eu vejo uma propaganda linda na TV ou no jornal, feita com toda técnica para me encantar, eu me convenço de que não posso viver sem aquele produto. Na primeira oportunidade que tenho, satisfaço meu desejo de forma emocional e compro. Pronto, a partir desse momento, começo a ver que fui enganado, não fiquei mais bonito, não fiquei mais rico, não me deu o prazer que esperava, as pessoas me olham da mesma forma. Resultado: começo a me sentir cada vez mais otário diante de propagandas que vendem e não entregam.

Esse é um quadro tenebroso, mas muito real abordado também com brilhantismo nesse livro que estou lendo... No entanto, o mais importante a se dizer é o que está acontecendo por trás disso tudo, uma mudança fundamental na forma com que buscamos informações mais confiáveis sobre produtos e sobre as marcas. O que percebo é que esse momento de “pseudolucidez” está criando uma outra indústria paralela. Como se estivéssemos voltando no tempo quando comprávamos tudo na base da indicação ou do relacionamento com o dono da “venda” ou do “açougue”. Baseamos tudo na confiança e, por mais que a tecnologia se desenvolva, vamos sempre confiar mais em pessoas, em amigos, em familiares, vizinhos etc...

Pois bem, não é por acaso que hoje os “blogs”, as redes sociais e as estratégias “boca a boca” (buzz marketing para os mais descolados) estão ditando o ritmo de consumo e o futuro das marcas. O que mais se fala hoje é sobre as novas formas de marketing que se alicerçam na transferência dessa credibilidade, isto é, se um amigo seu falou bem de uma marca ou comprou um carro X, isso é bem mais impactante que os “maravilhosos” comerciais de TV ou sucessivas placas de outdoor que cercam os seus caminhos. Claro que é indiscutível que as mídias de massa ainda exercem uma forte influência sobre as pessoas - e até acho que vão sempre exercer -, mas é nítido que esse modelo está em franca decadência e terão que se adaptar a esse consumidor mais crítico e criterioso.

O nosso mercado publicitário, formado, em sua maioria, por pessoas despreparadas e totalmente alienadas ao que acontece à sua volta, aos trancos e barrancos vai se modelando e, com raras, porém, deslumbrantes exceções, ressurgindo para essa nova realidade. O que me deixa confiante é que o mundo sempre foi assim, repleto de mudanças e revoluções humanas, e que, naturalmente, só sobreviverão os mais adaptáveis. Tenho certeza de que muitos capítulos ainda virão e que o marketing - que é direto, que é promocional, que é institucional, que é social, ambiental, viral, de guerrilha, de relacionamento etc - sempre será o bom e novo MARKETING.

Querem saber que livro eu estou lendo? Perguntem ao “Tunico”. Foi um presente dele que eu adorei!


Abraços

Ricardo Fonseca

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